"Eu juro que
pensei que se despedir devagar podia doer um pouco menos. Pelo menos à primeira
vista era o que me parecia... "Vamos ser amigos", repetimos em
consenso. Talvez por inexperiência ou por ingenuidade – o que eu creio que seja
mais provável –, nos enchemos de esperança, achando que o amor poderia se
eternizar: e que, mesmo sem romantismo, pudesse quem sabe se tornar uma
convivência quase amigável.
Só que um dia
desses, a gente se perdeu.
Eu lembro bem:
ninguém estabeleceu uma data certa ou marcou no relógio hora exata pra ir
embora de vez. Só fomos rareando aos poucos a conversa, e o "oi tudo
bem" cada semana mais mecânico. As novidades que apareciam já não tinham
razão de serem divididas: porque, sem convivência, que graça tem ficar
compartilhando a vida?
Na verdade, acho
que a gente foi é se acostumando à ausência. E quando viu, já não se precisava mais.
Eu sei; é duro, é
esquisito. Há bem pouco tempo isso nunca seria possível, nem naqueles pesadelos
que levam embora o sono às 3h25 da madrugada. Mas quando não há afinidade que
una nem amizade verdadeira que prenda, a paixão vai dando as costas e
carregando com ela qualquer motivo pra ainda estar perto.
Você e eu bem que
tentamos.
Mas, uma hora
dessas, a gente se perdeu."
Isabela Linhares - Via Linhas de Linhares
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Beijinhos
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