Depois de Cada Filme Andrey Cechelero.
Uma sala de cinema, depois de cada filme, pode nos trazer
reflexões interessantes.
O comportamento das pessoas apresenta algo de curioso.
Os créditos começam a surgir na tela e as luzes voltam a
acender lentamente, avisando a todos que aquele sonho projetado no grande
painel branco terminou.
Cada um que está ali, então, volta ao seu mundo, à sua dita
realidade.
Saem apressados, atrasados, levados pela correnteza humana,
quase que na velocidade da luz - da luz que volta a clarear a sala de projeção.
Porém existem alguns, apenas alguns, que permanecem um pouco
mais.
Sentados, imóveis, de olhar distante, parecem ainda respirar
naquele mundo criado à sua frente há poucos minutos.
Como se quisessem suavizar a transição entre uma realidade e
outra.
Ficam ali, como se desejassem reter tudo aquilo um pouco
mais... apenas um pouco mais.
Não querem permitir que a vida lá fora perca a lembrança do
que acabaram de ver.
Esses podem ter suas vidas modificadas... com um simples
filme.
O que esta história diz à minha vida?
Que características neste ou naquele personagem, tem a ver
comigo, com meus sonhos, com minhas dificuldades?
O que posso aprender com estas vidas, com este mundo, por
vezes tão diferente do meu?
São tantos os questionamentos que eles podem estar fazendo
naquele momento...
Indagações que aqueles que saíram desassossegados em
disparada, possivelmente não terão.
Para esses foi apenas entretenimento. Não conseguiram
penetrar na esfera da arte, da beleza.
Sábios. Esses que permanecem agem com sabedoria. Buscam
aprender tudo que a vida tem a lhes oferecer, e ela, por ser tão maravilhosa e
perfeita, oferece lições a todo instante.
Mas que diferença pode fazer, ficar ali um pouco mais,
pensando? - alguém poderia questionar.
A diferença está na importância de parar para analisar todos
os eventos de nossos dias.
No hábito da reflexão, extraindo dos acontecimentos sempre um
saber a mais.
Será que estamos sabendo parar um pouco para pensar em cada
evento de nosso viver?
Será que na maioria das vezes não agimos como os espectadores
apressados, que não têm tempo para refletir?
Será que não estamos saindo muito cedo de nossas salas de
projeção diárias?
Imagine ficar um pouco mais na cadeira, pensando naquele
entardecer passado ao lado de alguém que você ama...
Imagine ficar um pouco mais na cadeira, curtindo aquele
nascer de sol especial de uma manhã de trabalho...
Imagine ficar um pouco mais, acompanhando as peripécias de
seu filho, aprendendo a andar, a falar, a abraçar...
Imagine permanecer, por alguns segundos que seja, lembrando
das palavras de afeto, das risadas, trocadas com algum amigo numa noite
qualquer...
Imagine a vida sem a pressa que lhe atribuímos, e com a qual
acabamos por nos acostumar...
Experimente lembrar disso tudo na próxima vez que você
estiver numa sala de cinema.
Procure as pessoas que ficam um pouco mais, e quem sabe, com
alegria verá que você é uma delas.
Bem, na verdade você poderá começar a pensar sobre isso agora
mesmo, depois que estas palavras chegarem ao fim, e escolher o tipo de pessoa
que é:
aquela que sairá apressada, mudará de estação, esquecerá de
tudo;
ou aquela que irá ficar com estes dizeres um pouco mais,
pensando, refletindo.
Pense nisso.
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Beijinhos
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